José Pacheco participa de congresso sobre educação em Pernambuco.
Educador desenvolve projetos em escolas sem sala, série e provasn.
G1 - O Brasil possui teóricos da educação que propuseram um novo método de ensino, como o pernambucano Paulo Freire. Entretanto, vemos que o modelo de ensino no país não mudou na sua essência. Por que o senhor acha que isso acontece? Há algum tipo de barreira contra esse tipo de inovações?
José Pacheco- O modelo de escola do século XIX, que ignora os contributos dos grandes pedagogos que o Brasil teve e têm, produziu 30 milhões de analfabetos. No Brasil, como em Portugal e em outros países, continuamos a ensinar jovens do século XXI com professores do século XX e um paradigma do século XIX. Esse é o principal problema. Com ou sem novas tecnologias; aliás, as novas tecnologias até podem contribuir para aprofundar a crise se forem usadas em função do paradigma velho.
O modelo de escola com origem na França, na Prússia e na Inglaterra da Revolução Industrial faliu há mais de cem anos. O Caetano de Campos já falava isso no tempo do Império. Será que se mantém porque convém que se mantenha desigualdade, que haja marginalidade, um povo ignorante dos seus direitos?
Pergunto muitas vezes a mim mesmo como, perante as evidências dos rankings e das violências múltiplas que vivemos, dentro e fora do ambiente escolar, se consegue manter essa situação. Como diria João Cabral de Melo Neto, as escolas brasileiras são como usinas que engolem gente e vomitam bagaço.
Via
Inovação Educacional